Água para todos


É incrível que apesar das estatísticas de que a água potável está acabando do planeta, os considerados “os melhores seres da terra”, não se dão conta do que está sendo dito e não se incomodam em deixar a torneira aberta sem necessidade ou em jogar um papel pela janela do carro, pois afinal é como eles dizem: ‘’não sou só eu que faco isso”! E ainda são capazes apregoar que “o homem é o único ser pensante” (imaginem se não fosse).

Na minha ampla ignorância não vejo outros culpados pelo esgotamento da água, a não ser nós mesmo. Quem nunca ouviu seu pai ou avô dizer que o riozinho que passa perto da casa era tão límpido que podia-se beber da água? Cenário que com certeza não faz mais parte do nosso cotidiano e que não fará dos meus filhos e netos (isso se eles chegarem a conhecer o que é água).

Ainda hoje li uma crônica de Martha Medeiros, jornalista do Jonal Zero Hora de Porto Alegre, onde ela cita uma sábia declaracão de Washington Olivetto. Ele diz que há no mundo os ricos-ricos (que têm dinheiro e têm cultura), os pobres-ricos (que não têm dinheiro mas são agitadores intelectuais, possuem antenas que captam boas e novas idéias) e os ricos-pobres, que são a pior espécie: têm dinheiro mas não gastam um único tostão da sua fortuna em livrarias, shows ou galerias de arte, apenas torram em futilidades e propagam a ignorância e a grosseria.

É necessário exemplos? Pois a Martha dá:

“Estava dirigindo quando o sinal fechou. Parei atrás de um Audi preto do ano. Carrão. Dentro, um sujeito de terno e gravata que, cheio de si, não teve dúvida: abriu o vidro automático, amassou uma embalagem de cigarro vazia e a jogou pela janela no meio da rua, como se o asfalto fosse uma lixeira pública. O Audi é só um disfarce que ele pôde comprar, no fundo é um pobretão que só tem a oferecer sua miséria existencial.

Os ricos-pobres não têm verniz, não têm sensibilidade, não têm alcance para ir além do óbvio. Só têm dinheiro. Os ricos-pobres pedem no restaurante o vinho mais caro e tratam o garçom com desdém, vestem-se de Prada e sentam com as pernas abertas, viajam para Paris e não sabem quem foi Degas ou Monet, possuem tevês de plasma em todos os aposentos da casa e só assistem programas de auditório, mandam o filho pra Disney e nunca foram a uma reunião da escola. E, claro, dirigem um Audi e jogam lixo pela janela. Uma esmolinha para eles, pelo amor de Deus. ”

O resultado disso tudo é algo bem simples: a natureza se volta contra o homem. Aliás, se pararmos para pensar a água é algo incrivelmente simples, mas jamais reproduzido em laboratório.

Comentário publicado originalmente no blog da Manalais Comunicação http://blog.manalais.com.br/2007/01/17/agua-para-todos/ em 17/01/2007

As mulheres

Arnaldo Jabor


O cara faz um esforço desgraçado para ficar rico pra quê?
O sujeito quer ficar famoso pra quê?
O indivíduo malha, faz exercícios pra quê?

A verdade é que é a mulher, o objetivo do homem.

Tudo que eu quis dizer é que o homem vive em função de você.
Vivem e pensam em você o dia inteiro, a vida inteira.
Se você, mulher, não existisse, o mundo não teria ido pra frente.
Homem algum iria fazer alguma coisa na vida para impressionar outro homem, para conquistar um sujeito igual a ele, de bigode e tudo.

Um mundo só de homens seria o grande erro da criação.
Já dizia a velha frase que "atrás de todo homem bem-sucedido existe uma grande mulher".
É você, mulher, quem impulsiona o mundo.
É você quem tem o poder, e não o homem.
É você quem decide a compra do apartamento, a cor do carro, o filme a ser visto, o local das férias.
Bendita a hora em que você saiu da cozinha
E, bem-sucedida, ficou na frente de todos os homens.
E, se você que está lendo isto aqui for um homem,tente imaginar a sua vida,sem nenhuma mulher: aí na sua casa,onde você trabalha, na rua...
Só homens...
Já pensou?
Enfim, um mundo sem metas.

Chegou a sexta-feira, enfim....

Mas afinal, qual o motivo de tanta felicidade apenas pela chegada de um dia, que é como tantos outros???
O verdadeiro motivo para tanta felicidade pela chegada do penúltimo dia da semana, é porque com ele vem todas as ansiedades do fim de semana.
É a certeza do abraço entre amigos que se visitam...
É a mãe que vai receber o filhos e os netos para o almoço...
É o ator que vai estrear a sua nova peça....
É a mocinha que vai fazer a sua tão sonhada festa de 15 anos...
.... é, realmente muitas coisas a serem comemoradas....

Existe, porém, aqueles que não percebem que os dias, os meses e os anos se passam, pois estão a mercê de um problema muito maior, que é a possibilidade de encontrar com o que se alimentar e onde dormir. Não há amigos para encontrar, filhos para abraçar, viajens a fazer, teatros a assistir. Na realidade assistem ao teatro sim, mas o de suas próprias vidas, onde representam o filho rejeitado por um pai soberbo.

E para mim, o que representa a sexta-feira??
Dia de trabalho, faculdade.... o melhor mesmo é quando o dia termina e posso ser recebida com um abraço acolhedor por aquele que ama, que me pergunta como foi o dia... é o sábado que mais me agrada, quando posso ir ao encontro de minha geradora, receber os seus afagos e votos de eterno amor... quando posso ver os frutos de minha irmandade sorrindo e pedindo para que brinque ou lhes ensine algo ....

E assim se vão os meus dias e de todos aqueles que andam a passos largos em busca de riquezas e felicidade individual, muitos nem percebem que na beira do seu caminho há pobres, infelizes e rejeitados.

O Bicho

Manuel Bandeira

Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.

As 'oreias' em Curitiba



Hoje Curitiba recebe a visita do sr. presidente da República. Qual será a pérola que ele vai soltar dessa vez??? A última e memorável foi a que ele tem duas "oreias".

Ele vem para lançar o programa do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) que vai investir principalmente na Região Metropolitana, em especial em Piraquara. Oa todo, o Paraná receberá um orçamento de 1,2 bilhões de reais.

Como pode alguém achar que tem o direito de estragar o já caótico trânsito de Curitiba em plena sexta-feira???

Pena que no Brasil não há manifestações como o contra John Kenneddy!!!!

Mentiras de guerra

Destaque na Flip deste ano, mais recente livro de Robert Fisk está disponível para público brasileiro.

No início de julho, Paraty foi o cenário de dezenas de encontros literários na Flip (Festa Literária de Paraty). Um dos escritores que causaram mais entusiamo no público foi Robert Fisk, correspondente no Oriente Médio do jornal britânico The Independent. Ele vive no Oriente Médio há quase três décadas e tem mais prêmios de jornalismo que qualquer outro correspondente internacional. Robert Fisk entrevistou Osama Bin Laden três vezes e passou os últimos 30 anos se embrenhando nos campos de batalha do Oriente Médio - 15 deles dedicados à escrita do livro A Grande Guerra pela Civilização. A obra desvenda as mentiras que mandaram soldados para a morte e mataram milhares de homens e mulheres ao longo do século passado. No entanto, ao mesmo tempo, é uma crônica dos jornalistas de guerra, relatando a frustação dos correspondentes que gastam suas vidas reportando em primeira mão a história. Afinal onde a guerra nos leva? À civilização?

"Eu costumava afirmar, com certeza em vão, que todo repórter deve levar um livro de Histórias no bolso. Em 1992, estive em Saravejo e me encontrei, enquanto os abuses sérvios zuniam sobre minha cabeça, sobre a mesma lajota da qual Gavrilo Princip fez o dispara fatal que mandaria meu pai às trincheiras da Primeira Guerra Mundial. E, evidentemente, continuavam soando disparos em Saravejo em 1992. Era como se a História fosse uma gigantesca câmera de eco. Esse ano foi o ano em que meu pai morreu. Essa é, portanto, a história de suaa geração. E da minha", declara Fisk no prólogo a A Grande Guerra pela Civilização.

Obra-prima da aventura e da tragédia, amenizada por observações cheias de humor e compaixão, o livro passa de uma cronologia da história do Oriente Médio para relatar a história do mundo violento que molda as nossas vias e nosso futuro. "A intensidade é ao mesmo tempo a grande força e uma das principais fraquezas do livro. Após lê-lo, ninguém pode se esconder dos imensos custos humanos das decisões feitas por generais e políticos, sejam eles do Oriente Médio ou não", destaca o jornalista Stephen Hump, no jornal The Washington Post.

Serviço:
A Grande Guerra pela Civilização, de Robert Fisk.
Editora Planeta, 1496 páginas
R$ 96,00 a 120,00

Jornalismo gonzo

Chega ao Brasil Medo e Delírio em Las Vegas, obra-prima alucinógena do jornalista norte-americano Hunter Thompson.

* com informações de Melissa Medroni

No mês de agosto chega às livrarias de todo o país um dos classicos do New Journalism, gênero literário que mescla ficção e realidade, geralmente narrado em primeira pessoa e recheada de impressões pessoais que teve como expoentes Tom Wolfe (A Fogueira das Vaidades) e Truman Capote (Bonequinha de Luxo e A Sangue Frio). Trata-se de Medo e Delírio em LasVegas, obra-prima do jornalista e escritor Hunter Thompson, que ganha edição especial no Brasil, com ilustrações psicodélicas de Raph Steadman.

O livro narra a viagem regada a drogas de um jornalista norte-americano - o próprio Thompson, sob o pseudônimo de Raoul Duke - e seu advogado pelo deserto de Nevada. "Estávamos em um lugar perto de Barstow, à beira do deserto, quando as drogas começaram a fazer efeito. Lembro que falei algo como 'estou meio tonto; acho melhor você dirigir...' E de repente fomos cercados por um rugido terrível, e o céu se encheu de algo que pareciam morcegos imensos, descendo, guinchando e mergulhando ao redor do carro, que avançava até Las vegas a uns 160 por hora com a capota baixada", conta o narrador no primeiro parágrafo do livro que foi adaptado para o cinema em 1998, com Johnny Deep no papel de Raoul e um irreconhecível Benício Del Toro na pele de seu advogado.

Ao inserir viagens alucinógenas em relatos de fatos reais e usar o sarcasmo e a vulgaridade como forma de humor, o colaborador da revista Rolling Stone criou um gênero que ultrapassou as barreiras do New Journalism e foi batizado de Gonzo Journalism. Partia do princípio de William Faulkner de que "a melhor ficção é muitas vezes mais verdadeira que qualquer tipo de jornalismo". Não economizava palavras para descrever não só o que via, mas também o que passava pela mente possuída pelas drogas e as situações que protagonizava ou inventava, em decorrência do seu estado alterado, durante as coberturas jornalísticas. Thompson suicidou-se com um tiro na cabeça em fevereiro de 2005, aos 67 anos.

Para saber mais sobre Hunter Thompson e o Gonzo Journalism acesse: www.qualquer.org/gonzo

Serviço

Medo e Delírio em Las Vegas, de Hunter Thompson.
Editora Conrad. 216 páginas.
R$ de 35 a 45


* responsável pela editoria de Diversão e Arte da revista Top View.



Duro de Matar 4.0

No fim de semana me dei o direito de assistir uma grande produção holliwoodiana: Duro de Matar 4.0. Vou tentar descrever minhas impressões sobre o filme.

By Luma Savi

A noite é comum e o policial local John McLane está em uma tarefa muito difícil: vigiar a sua filha adolescente Lucy McLane (Mary Elizabeth Winstead). O FBI atrapalha o seu árduo trabalho e pede que vá em busca do hacker Matt (Justin Long), mas engana-se quem pensa que este é o trabalho fácil, pois é aí que começa a ação e a aventura.

McLane desconhece o moti
vo de tal solicitação e até considera um trabalho ridículo para ser realizado às 3hs da manhã. Mal sabe ele que Matt está na mira de perigosos e que deve ser o próximo a morrer. Motivo? ele é um dos oito hackers que criaram um poderoso código virtual.

Quando chega ao 'badernado' apartamento de Matt logo é recepcionado por uma saraivada de balas, dos mafiosos que estão do lado de fora e que tem a missão de '
deletar' Matt. Detalhe: todos os outros sete hacker foram mortos ao apertar o botão 'delete' de seus computadores e Matt apenas não aperta porque McLane bate em sua porta no exato momento em que ia fazer isso (Pura sorte!!!). Matt até acredita que o caçado é o policial e não ele. É tiro e bombas para tudo quanto é lado!!! (Sobrevivem graças a uma geladeira...)

Após sairem do apto de Matt começa uma sequência de imagens mirabolantes e cheias de efeitos especiais, como McLane conseguir derrubar um helicóptero com um carro e os dois escaparem um milhão de vezes de ser morto pelos mafiosos!!!! Ao chegar no FBI, para onde devria levar o hacker, McLane descobre que a rede informatizada foi invadida e toda a segurança nacional está em risco. Como o policial é 'analfabeto' sobre informática e sistemas precisa que seu novo colega lhe explique o que está acontecendo.


Ao longo da história os agentes do FBI e McLane descobrem que o invasor é um ex-funcionário da corporação que falou aos seus superiores que a rede informatizada era vulnerável a hackers, e que por isso foi demitido e teve a sua reputação arruinada. Thomas Gabriel (vivido por Timothy Olyphant, de Pegar e Largar), o vilão sem carisma da história, e sua equipe invadem o sistema de controle de trânsito, o controle de energia, as bolsas de valores e até o satélite dos EUA, ameaçando causar um enorme blecaute, tudo apenas através de computadores e com a finalidade de roubar todo o dinheiro possível de contas e fundos monetários. McLane dá a sua cara para bater e diz que vai acabar com os planos do vilão. Ele mata a namoradinha comparsa de Thomas,
Mai Linh (Maggie Q), o que faz o malvado explodir de raiva e sequestrar Lucy. Se McLane já estava de querendo a cabeça de Thomas, após sequestrar a sua filha a situação ficou muito pior.

No final, como todos podem imaginar, McLane vence sozinho a um batalhão de 'malfeitões' (apenas com alguns arranhões no rosto e um tiro no ombro. Ressalva: ele atira no ombro e a bala mata Thomas!!), salva os Estados Unidos e fica de bem com a filha, com quem tem um relacionamento bem tumultuado. Fica ainda a deixa no ar de um possível romance entre Lucy e Matt.

Doze anos depois do lançamento da terceira parte da série Duro de Matar (Duro de Matar: A Vingança é de 1995), o espectador vê o durão McLane em boa forma e com a mesma evolução dos filmes anteriores. É um filme que esbanja testosterona e que em plena moda de super-heróis sensíveis e com crises existenciais, traz um que resolve os seus problemas na base da porrada.

É uma mega produção de tirar o fôlego do espectador do início ao fim da trama. Tem um áudio muito bacana e ótima fotografia. Dica: quando for assitir ao filme deixe de lado a realidade, pois não é isso que o filme quer mostrar e algumas cenas provam exatamente isso, com evoluções que são possíveis somente no mundo virtual.

Curiosidades

- Jessica Simpson fez um teste para interpretar a filha de John McClane, mas foi reprovada.

- Justin Timberlake esteve cotado para interpretar o filho de John McClane.

- Larry Rippenkroeger, dublê de Bruce Willis, machucou-se seriamente ao realizar uma cena em que caía de uma altura de 7 metros ao chão. Ele quebrou alguns ossos da face e ainda fraturou os dois pulsos. Este acidente fez com que as filmagens fossem interrompidas temporariamente.

- Durante sua recuperação, Larry Rippenkroeger recebeu a visita de Bruce Willis diversas vezes. Além disto Willis custeou o hotel dos parentes de Larry, para que pudessem acompanhá-lo no hospital.

- As filmagens ocorreram entre 23 de setembro de 2006 e 14 de fevereiro de 2007.

O que muda com a reforma da língua portuguesa

da Folha de S.Paulo


As novas regras da língua portuguesa devem começar a ser implementadas em 2008. Mudanças incluem fim do trema e devem mudar entre 0,5% e 2% do vocabulário brasileiro. Veja abaixo quais são as mudanças.

HÍFEN
Não se usará mais:
1. quando o segundo elemento começa com s ou r, devendo estas consoantes ser duplicadas, como em "antirreligioso" , "antissemita" , "contrarregra" , "infrassom". Exceção: será mantido o hífen quando os prefixos terminam com r -ou seja, "hiper-", "inter-" e "super-"- como em "hiper-requintado" , "inter-resistente" e "super-revista"
2. quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa com uma vogal diferente. Exemplos: "extraescolar" , "aeroespacial" , "autoestrada"

TREMA
Deixará de existir, a não ser em nomes próprios e seus derivados

ACENTO DIFERENCIAL
Não se usará mais para diferenciar:
1. "pára" (flexão do verbo parar) de "para" (preposição)
2. "péla" (flexão do verbo pelar) de "pela" (combinação da preposição com o artigo)
3. "pólo" (substantivo) de "polo" (combinação antiga e popular de "por" e "lo")
4. "pélo" (flexão do verbo pelar), "pêlo" (substantivo) e "pelo" (combinação da preposição com o artigo)
5. "pêra" (substantivo - fruta), "péra" (substantivo arcaico - pedra) e "pera" (preposição arcaica)

ALFABETO
Passará a ter 26 letras, ao incorporar as letras "k", "w" e "y"

ACENTO CIRCUNFLEXO
Não se usará mais:
1. nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos "crer", "dar", "ler", "ver" e seus derivados. A grafia correta será "creem", "deem", "leem" e "veem"
2. em palavras terminados em hiato "oo", como "enjôo" ou "vôo" -que se tornam "enjoo" e "voo"

ACENTO AGUDO
Não se usará mais:
1. nos ditongos abertos "ei" e "oi" de palavras paroxítonas, como "assembléia", "idéia", "heróica" e "jibóia"
2. nas palavras paroxítonas, com "i" e "u" tônicos, quando precedidos de ditongo. Exemplos: "feiúra" e "baiúca" passam a ser grafadas "feiura" e "baiuca"
3. nas formas verbais que têm o acento tônico na raiz, com "u" tônico precedido de "g" ou "q" e seguido de "e" ou "i". Com isso, algumas poucas formas de verbos, como averigúe (averiguar), apazigúe (apaziguar) e argúem (arg(ü/u)ir), passam a ser grafadas averigue, apazigue, arguem

GRAFIA No português lusitano: 1. desaparecerão o "c" e o "p" de palavras em que essas letras não são pronunciadas, como "acção", "acto", "adopção", "óptimo" -que se tornam "ação", "ato", "adoção" e "ótimo" 2. será eliminado o "h" de palavras como "herva" e "húmido", que serão grafadas como no Brasil -"erva" e "úmido"

Crônicas de uma tragédia

Bobby conta histórias de personagens fictícios envolvidos no episódio do assassinato do candidato à presidencia norte-americana Robert F. Kennedy

* Com informações de Melissa Medroni

Neste mês de agosto uma das atrações nos cinemas será o filme Bobby. Com um elenco estelar - Anthony Hopkins, Sharon Stone, Demi Moore, Christian Slater, Helen Hunt e outros nomes consagrados de Hollywood -, conta a história de 22 personagens fictícios no Anbassador Hotel na noite em que o candidato a presidente, o senador Robert Kennedy, foi baleado. Para você que faltou nesta aula de história, vamos aos fatos. Robert Kennedy, conhecido como Bobby, era um dos oito irmãos do presidente eleito em 1960, John F. Kennedy. Bobby gerenciava a carreira do irmão e foi nomeado procurador geral quando John ganhous as eleições presidenciais. Juntos impuseram medidas contra o racismo e cercaram a Casa Branca com pessoas com um alto nível intelectual. Até que John foi assassinado em um desfile na cidade de Dallas, durante a campanha para a reeleição.

O episódio impulsionou o jovem Bobby a assumir o papel de porta-voz dos oprimidos, anunciando em 1968 a sua candidatura ao posto que já tinha sido ocupado pelo irmão. Mas Bobby não passou Incólume à nuvem negra qua assolou o mundo naquele ano - em 1968 a Guerra do Vietnã, à qual ele se declarava contrário, atingiu proporções gigantescas e Martim Luther King Jr. foi assassinado. Neste clima de horror e tragédia, Bobby encontrou o mesmo destino que o irmão: não a presidência dos Estados Unidos, mas a morte.

Foi o fim do idealismo da geração que ouvia Beatles e acreditava na erradicação da pobreza, do racismo e da epidemia de violência. "A partir do dia 5 de junho de 1968 nos tornamos mais cínicos e resignados e acredito que isso explica nossa posição cuktural hoje", diz Emílio Estevez, roteirista e diretor que quis celebrar o espírito de Robert Kennedy no filme Bobby.

Mesclando ficção e realidade, a narrativa começa horas antes do crime que tirou a vida do segundo membro da família Kennedy. O filme dá uma abordagem romanesca à morte de Bobby. Da união de fatos reais com a imaginação de Estevez surgem personagens comuns que teriam tido suas vidas radicalmente mudadas a partir do episódio, como o porteiro aposentado do hotel (Anthony Hopkins), o gerente (William H. MAcy) casado com a cabeleireira do local (Sharon Stone), os cozinheiros (Christian Slater e Laurence Fishburne) e uma cantora alcoólatra (Demi Moore).

* Melissa Medroni é colunista da Revista Top View, Diversão e Arte, e escreveu seu comentário sobre o filme na edição 82.

Saudades


"Um dia a maioria de nós irá se separar. Sentiremos saudades de
todas as conversas jogadas fora, as descobertas que fizemos, dos
sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que compartilhamos.
Saudades até dos momentos de lágrima, da angústia, das vésperas de
finais de semana, de finais de ano, enfim... do companheirismo
vivido.
Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre.
Hoje não tenho mais tanta certeza disso.
Em breve cada um vai pra seu lado, seja pelo destino, ou por algum
desentendimento, segue a sua vida, talvez continuemos a nos
encontrar quem sabe...... nos e-mails trocados. Podemos nos
telefonar conversar algumas bobagens.... Aí os dias vão passar,
meses...anos... até este contato tornar-se cada vez mais raro.
Vamos nos perder no tempo....Um dia nossos filhos verão aquelas
fotografias e perguntarão? Quem são aquelas pessoas?
Diremos...Que eram nossos amigos. E...... isso vai doer tanto!
Foram meus amigos, foi com eles que vivi os melhores anos de minha
vida!
A saudade vai apertar bem dentro do peito.
Vai dar uma vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente......
Quando o nosso grupo estiver incompleto... nos reuniremos para um
ultimo adeus de um amigo. E entre lágrima nos abraçaremos.
Faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em
diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver
a sua vidinha isolada do passado.
E nos perderemos no tempo....Por isso, fica aqui um pedido deste
humilde amigo : não deixes que a vida passe em branco, e que
pequenas adversidades seja a causa de grandes tempestades....Eu
poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os
meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!"

Fernando Pessoa
"Apesar de ninguém poder voltar atrás e fazer um novo começo,
qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim".

As três cores da paixão






Lucimara Savi


Enquanto muitos para encontrá-lo procuram nas listas de profissionais da saúde, outros apenas clicam em um botão no horário de almoço, para mais uma vez o ver defender as cores de uma grande paixão. O convicto apaixonado desta reportagem se chama Sérgio Roberto Bello, 32 anos, mas para muitos apenas ‘Sérgio-Paranista’ ou ‘Serjão’.

Durante muito tempo um uniforme branco fez ficar no guarda-roupa as cores da alegria, vibração e lágrimas: vermelho, azul e branco, mas apenas não estavam no corpo, porque continuavam na mente e no coração. Para muita gente é apenas um fisioterapeuta que vem para ajudar a amenizar as suas dores e problemas físicos, mas para outros, é aquele que vem trazer alegria nas vitórias, injeção de ânimo nas derrotas e brigar por uma causa comum.

“Sou maluco por futebol, desde que nasci”, ele se auto descreve. Sérgio afirma que desde muito pequeno o futebol atraía a sua atenção e que isso surgiu espontaneamente, “meu pai gostava de futebol, mas não era fanático como eu”. De sua infância tem muitas recordações e conta: “sempre gostei de futebol de todos os jeitos e por isso tinha coleção de times de botão. Um dia, quando tinha entre 8 e 9 anos, estava brincando com um colega na cozinha da minha casa e coloquei um monte de fósforo em volta do campo, quando o meu time foi entrar para jogar acendi um deles e todos os outros foram acendendo gradativamente, quase coloquei fogo na minha casa. Minha mãe ficou maluca, levei uma baita surra”, conta ele entre risos.

Apesar de toda a sua paixão pelo esporte não quis fazer carreira como jogador. O motivo? “o meu porte físico não me permitiu”, diz ele que em 1997 se formou em fisioterapia pela Universidade Tuiuti da Paraná. Ao longo dos anos construiu a sua vida profissional e pessoal. Casou-se e recentemente teve a felicidade de ser pai, mas faz uma declaração, “não sei do que gosto mais, mas acho que na escala ficaria a Rita,minha esposa, o Ricardo, meu filho e o Paraná, mas não tenho certeza se não é o inverso”.Quando perguntado sobre a possibilidade de o seu filho não ser paranista ele afirma que “ele não tem escolha, ou é paranista ou é paranista. Não consigo sequer pensar na possibilidade de ele escolher outro time”.

Sergio continua estudando, está no 5º período de jornalismo na UniBrasil e afirma que os seus sonhos estão se realizando e que apesar de ser um futuro jornalista tem certeza que ficará para sempre carimbado como paranista. Ele diz que começou a fazer o curso pelo Paraná Futebol Clube, pois o Coritiba e o Atlético têm muitos representantes na mídia, enquanto o seu time estava mal representado. Apesar estar diariamente no segundo maior canal de televisão do estado, o Grupo Paulo Pimentel, o que mais lhe trouxe satisfação foi ser convidado para escrever uma coluna sobre o time no jornal Tribuna do Paraná. Ele afirma que “muitas pessoas falam que o jornal é sangrento, mas é o que tem o melhor caderno de esportes do estado”.

Ele comenta que é bom ser reconhecido por sua atuação, “quando chego nos estádios sou rodeado por quem me assiste, todos querem fotos e autógrafos. Já teve até casos de crianças chorarem ao me ver, lógico, fico emocionado com isso”, mas reconhece que tem os seus prós e contras. Recentemente teve que bloquear a sua conta em um site de relacionamentos, pois começaram a colocar mensagens que denegriam sua imagem perante a sua família, “já escreveram várias vezes dizendo que iam me matar, mas nunca liguei para isso, o problema foi quando começaram a dizer coisas que eu tinha certeza que não tinha feito”. Ele diz que por este motivo pode até estar atrás de outros torcedores fanáticos que, assim como ele, estão na mídia falando do mesmo time, mas que prefere se preservar, “se já é difícil ouvir quando a gente deve, imagine quando a gente é inocente”.

Com relação aos paranaenses não gostarem de campeonatos locais, ele diz que “é da cultura do povo, o pessoal de Curitiba torce pelos times daqui, mas do interior prefere e torcer pelos paulistas. Me lembro de um jogo que teve em Maringá entre o Paraná e um time de São Paulo, onde 99% dos torcedores de lá torciam contra o time do seu estado” e afirma que os seus conterrâneos apenas passarão a gostar de campeonatos locais quando os times da capital alcançarem sucesso igual ou superior ao dos paulistas e cariocas. O que ele aponta com pesar é que hoje os jogadores já não jogam por amor a camisa, mas sim ao dinheiro, “eles vão e ficam onde pagam mais”. Um caso recente e que ele cita é do jogador Leonardo, que até pouco tempo vestia a camisa tricolor e que foi vendido ao Flamengo e que em sua primeira entrevista coletiva disse que estava subindo na vida, Sérgio diz que vê o caso como uma traição aos torcedores do Paraná e o clube em si, que se dedicou ao atleta, “ele pode até ter recebido uma boa proposta, mas todos sabem que o time para o qual ele foi é conhecido por ser mal pagador, enquanto aqui ele sempre recebeu em dia”, diz ele com tristeza.

A nova geração de meninos e meninas não tem mais o mesmo amor e dedicação ao esporte quanto no seu tempo, “quando eu era pequeno colocávamos dois tijolos de trave e jogávamos futebol na calçada e no campinho de terra, hoje o computador substitui esta atividade. Sei que dá para jogar futebol online, mas acho que não é a mesma coisa”, analisa.

Ele se diz um crítico em relação a sua atuação no Tribuna no Esporte, “a minha esposa as vezes grava o programa e vejo que tenho melhorado, mas tenho muito o que aperfeiçoar”, diz ele que faz fonoaudiologia duas vezes por semana para melhorar a sua dicção. Seus planos para o futuro é se formar em comunicação social e ser contratado para o jornalismo esportivo impresso do veículo em que já atua. “Alguns dias atrás escrevi minha coluna no jornal. Fui ao jogo do Paraná e depois da partida fui cumprimentar os jogadores, quando lá cheguei o Caio Junior, técnico do time, disse que a leu e que ficou muito emocionado com o que eu tinha escrito. Ele disse que se o texto não fosse tão grande, teria lido aos jogares na concentração antes do jogo, nem preciso dizer que fiquei muito feliz, afinal ele comanda o time que amo”, disse orgulhoso.

Quando interrogado sobre a sua reação durante as partidas diz que não tem vergonha de dizer que chora, “sou um torcedor que sofre quando o meu time está perdendo e que fica feliz quando ele está ganhando”. Para finalizar ele contou que em sua lápide estará escrito “Um homem que viveu por amor a Rita, Ricardo e Paraná Clube”, mas quem sabe possa ser em outra ordem.

“Paraná és guerreiro valente
E do esporte a maior razão
Verdadeira alegria do povo
Paraná Clube do coração”.
(Trecho do Hino do Paraná Clube)

Projeto de incentivo a leitura, Sempre um Papo, traz Fernando Morais à Curitiba

O escritor Fernando Morais visita Curitiba para o lançamento de “Montenegro: as Aventuras do Marechal que Fez uma Revolução nos Céus”




“Faz tempo que eu não venho à Curitiba para coisa séria. Pelo menos dez anos.” Foi assim que deu-se início à conversa descontraída com o escritor Fernando Morais na noite de quarta-feira, 29/11, no Teatro da Caixa Cultural. O escritor veio à convite do projeto “Sempre um Papo” de incentivo ao hábito da leitura, que proporciona a oportunidade de colocar o leitor cara a cara com seu escritor favorito, sem precisar pagar ingresso.

Fernando Morais veio à cidade para falar do seu mais recente livro “Montenegro: as Aventuras do Marechal que Fez uma Revolução nos Céus”, que é a biografia do marechal Casemiro Montenegro, piloto do primeiro vôo do Correio Aéreo Nacional, herói da aviação nos anos 30, preso em 1932, e inspirado no MIT [Massachussets Institute Of Technology], instituto tradicional de educação em áreas como ciência e tecnologia da cidade de Boston, nos Estados Unidos, viria a se tornar o criador do ITA - Instituto Tecnológico de Aeronáutica.

O escritor descobriu a história de Casemiro há seis anos, na época em que estava escrevendo o livro “Corações Sujos”. Fernando Morais estava fora do país, quando recebeu por email a sugestão de um amigo de São Paulo para que fizesse a biografia de Casemiro Montenegro. Numa outra ocasião teve contato num elevador com a neta de seis anos de Casemiro que disse à ele que a avó ficaria muito feliz se ele escrevesse um livro sobre a história do avô. Morais resolveu pesquisar a história e se apaixonou. “O Montenegro é um Indiana Jones do nosso tempo” disse o escritor ao falar emocionado sobre o piloto. “Só tinha um jeito de descobrir o Brasil naquela época que era de avião. Desbravaram o Brasil a pretexto de levar correspondência. A justificativa era essa. Hoje sabe-se mais de Júpiter, de Marte e da Lua do que do centro-oeste da Amazônia”, completou Morais.




Sobre Casemiro Montenegro, Fernando Morais contou algumas curiosidades bem humoradas. O marechal Montenegro inspirou-se no MIT [Massachussets Institute Of Technology] para montar algo parecido no Brasil, que viria a ser o ITA, e exigiu que o arquiteto Oscar Niemeyer tocasse o projeto. O presidente Dutra [que governou entre 1946 e 1951] não aceitou, disse que no Brasil nenhum comunista faria uma obra desse tipo. Casemiro deu a idéia à Oscar Niemeyer para que ele arranjasse um amigo para assinar a planta, e assim tocaram a obra. “O presidente Dutra morreu sem saber que a fachada do ITA recendia à Marxismo e Leninismo”, riu Morais. Desse episódio existe inclusive uma foto onde o Presidente Dutra está posando em frente à fachada do ITA, sem imaginar que o prédio era projeto de Oscar Niemeyer.


Início de carreira

Fernando Morais nasceu em Mariana, Minas Gerais. Sua carreira começou a partir de um grave incidente religioso familiar. Mariana é uma cidade que tem dezenas de igrejas, e onde fica a sede da Cúria, e da Mitra Diocesana [órgãos da mais alta importância dentro da Igreja Católica], mas seu pai, um bancário funcionário do Banco da Lavoura de Minas Gerais [atual Banco Real] era ateu. Sustentava com enorme dificuldade nove filhos, mas mesmo assim conseguiu montar uma biblioteca com três mil volumes, e fez com que os filhos crescessem cercados por livros. “Na cidade só havia duas escolas de ensino médio, sendo que uma formava freiras e a outra era um seminário que formava padres”, ele conta. O pai de Fernando Morais então resolveu procurar uma escola para os filhos em Belo Horizonte.

Dom Oscar de Oliveira, o primeiro bispo negro do Brasil ficou sabendo que o pai de Fernando Morais havia matriculado seus dois filhos mais velhos numa escola protestante em Belo Horizonte. O bispo ficou possesso e não pode admitir que o homem que administrava o dinheiro da Cúria e da Mitra Diocesana fosse matricular os filhos num colégio protestante. Ele foi até a casa de Fernando Morais para brigar com o pai do menino que um dia viria a ser escritor. O pai não admitiu tamanho desaforo, até que ele e o bispo Dom Oscar de Oliveira saíram no braço, e acabaram se agredindo. O pai de Fernando Morais foi excomungado pela Igreja Católica. Mais adiante na história, quando Dom Paulo Evaristo Arns ficou sabendo que o pai de Fernando Morais estava vivo, porém já com a idade avançada, tentou reverter a situação, mas não conseguiu nenhum resultado.

Depois desse episódio da briga com o bispo, o pai de Fernando Morais foi transferido e a família mudou-se da cidade de Mariana para Belo Horizonte. “Foi por causa dessa briga do meu pai com o Bispo que eu fui parar no jornalismo, que eu virei escritor, e que estou aqui hoje, contando essa história para vocês. Eu poderia estar até hoje em Mariana sendo bancário”, brincou Morais.

Aos 13 anos o garotinho Fernando foi trabalhar como office-boy na redação da revista do banco onde o pai trabalhava. Ele reprovou um ano na escola, e o pai teve que matriculá-lo em uma escola particular. Mas com a condição de que ele teria que trabalhar para ajudar em casa, já que havia reprovado. Apesar disso, Fernando era um excelente aluno em Português, História e Geografia. Certa vez, o repórter Antônio Walter Nascimento faltou bem no dia em que iria entrevistar a Miss Banco da Lavoura. “Antônio Walter Nascimento é um desses nomes que a gente não esquece. Hoje em dia ele é psicoterapeuta”, enfatiza. Perguntaram para Fernando se ele gostaria de substituí-lo na entrevista. Como ele era garoto, na época era um sonho poder entrevistar a Miss Banco da Lavoura. Ele recebeu um aumento e a oportunidade de virar repórter aos 13 anos de idade. “Dormi office-boy e acordei repórter!”, finaliza.


A escolha dos personagens de suas biografias e a relação com o cinema


Fernando foi questionado sobre os critérios que o levaram a escolher a história de uma pessoa e transformar em biografia. Entre os biografados pelo escritor estão Olga Benário Prestes em “Olga”, Assis Chateubriand em “Chatô, O Rei do Brasil”, e “Na Toca dos Leões”, biografia da agência de publicidade W/Brasil, ele conta, “Eu tenho que pressupor que o leitor é tão ignorante como eu sou antes de conhecer a história desse personagem, e eu tenho que surpreendê-lo e emocioná-lo com a história”.

Desde 1996 Fernando está preparando a biografia do senador Antônio Carlos Magalhães. ACM chegou a dizer em entrevista para Marília Gabriela que o escritor está esperando que ele morra para então publicar a biografia. No “Sempre um Papo” que ocorreu em Brasília, ACM foi visto por uma pessoa da platéia logo que chegou, e oportunamente a pergunta dirigida a Fernando Morais foi sobre quando sairia a biografia de ACM. ACM voltou a repetir a brincadeira de que Fernando estava esperando o senador morrer para lançar a obra. Mas Fernando explicou que não lançará a biografia enquanto ACM estiver ativo. Se tivesse lançado a biografia a alguns anos, não teria incluído a morte prematura do filho de ACM, o deputado federal Luís Eduardo Magalhães em 1998, vítima de um ataque cardíaco, nem a denúncia de manipulação do painel eletrônico em 2000, e o fim da era de 16 anos sob o comando de ACM, com a vitória de Jaques Wagner, candidato do PT ao governo da Bahia em 2006.

Atualmente, Fernando Morais está preparando a biografia do escritor Paulo Coelho desde o nascimento até os seus 60 anos de idade: “Essa vai ser uma obra datada, se alguém depois quiser pegar dos 60 anos do Paulo Coelho até os 120 e fazer outra biografia, por mim tudo bem” disse bem-humorado o escritor.

Para Fernando Morais, os personagens mais importantes da história do Brasil são aqueles do fim da República Velha até o golpe de 64, e do fim da ditadura. “Esse é o Brasil mais saboroso que dá filme e que dá livro”. Segundo o escritor os livros-reportagens são aqueles que mais contém informação sobre a história recente do Brasil. “São histórias reais e brasileiras. Os livros jornalísticos, os livros de não-ficção, são interessantes fornecedores de argumento de histórias para o cinema nacional. E os cineastas estão procurando por elas. Já está tudo mastigadinho para o cinema”.

Seu livro “Olga” virou filme em 2004 pelas mãos do cineasta Jayme Monjardim. As filmagens de Chatô iniciaram-se em 1995, quando os direitos de filmagem foram adquiridos pelo ator Guilherme Fontes, mas logo foram interrompidas, por falta de recursos financeiros, além da desconfiança do governo sobre possíveis desvios de verba, mas Guilherme foi inocentado pelo TCU (Tribunal de Contas da União). Desde então o ator protagoniza uma novela à parte para a finalização do filme que supostamente teve suas filmagens encerradas em 2002. “Chatô vai sair” disse Fernando Morais sob risos da platéia.

Morais não chegou a participar da produção dos filmes baseados em seus livros, mas leu os tratamentos do roteiro para que não houvesse nenhum deslize histórico. Também fez workshops para que os atores pudessem se inteirar sobre que foi o Brasil na época da ditadura. Para escrever “Olga” o escritor foi até a Alemanha para conversar com os amigos da juventude de Olga Benário, já bem velhinhos, porém muito prestativos. Quando escreveu Chatô, ele ganhou uma bolsa de pesquisas da Unicamp que lhe deu direito à dois pesquisadores para ajudar na tarefa de levantar dados e informações sobre a vida de Assis Chateubriand. Em troca, ele fazia palestras para os alunos de jornalismo contando à quantas andava o seu livro.

“Na Toca dos Leões”, livro que segundo sua própria definição “era pra ser bem light, e virou um triller de horror”, é a biografia da agência W/Brasil. O livro estava sendo escrito quando o publicitário Washington Olivetto foi seqüestrado, e permaneceu como refém durante 53 dias num cubículo de três metros por um, em 2001.


Os problemas enfrentados durante a carreira: Censura e processo



Depois que voltou de Cuba com o livro “A Ilha – Um repórter brasileiro no país de Fidel Castro” pronto para ser publicado, Fernando Morais teve que esperar até a poeira baixar. “Era um período muito barra-pesada”. Ele trouxe na bagagem vários slides de Cuba, mas como o livro não podia ser publicado, nem as fotos poderiam ser mostradas em público por conta das repreensões que poderia sofrer, ele fez uma apresentação dos slides na casa do jornalista Vladimir Herzog para sua esposa Clarice e os dois filhos.

O escritor está sendo processado há um ano e meio pelo deputado federal Ronaldo Caiado, por causa de um episódio narrado no livro “Na Toca dos Leões”, a biografia de uma das mais importantes agências de publicidade do país, a W/Brasil.

O trecho do livro se referia ao período em que Ronaldo Caiado foi candidato à Presidência da República em 1989, e queria a W/Brasil para produzir os anúncios de sua candidatura. Segundo o publicitário e sócio-fundador da empresa, Gabriel Zellmeister, Ronaldo Caiado contou que tinha um plano de acabar com a miséria do Brasil, que constava em adicionar um produto químico no tratamento de água que esterilizaria as mulheres do nordeste. Gabriel Zellmeister em entrevista a Fernando Morais contou esse episódio que foi publicado no livro. Ronaldo Caiado abriu processo contra Fernando Morais, Washington Olivetto e a Editora Planeta.

Por determinação do juiz da 7ª Vara Cível de Goiânia, Jeová Sardinha de Moraes, Fernando Morais não poderia se referir ao próprio livro e nem no assunto em público. Qualquer manifestação lhe custaria cinco mil reais de multa. O livro ficou quatro meses fora de circulação em mercado. O recolhimento de “Na Toca dos Leões” de todas as livrarias em território nacional causou grande repercussão e revolta no meio jornalístico. Ao final, a decisão que era favorável ao deputado Ronaldo Caiado, foi anulada pelo Tribunal de Justiça de Goiás. Segundo Fernando Morais foi a primeira vez em que ele viu a A Fenaj e o Sindicato dos Patrões se unirem, para demonstrar sua repulsa ao ocorrido. Fernando Morais disse que a decisão atentava contra “o direito da sociedade de ser informada das coisas”.


Situação do mercado literário no Brasil e a Educação



O escritor foi questionado por alguns participantes do bate-papo sobre sua opinião à respeito do mercado literário no Brasil e sobre a alta porcentagem de crianças que não conseguem interpretar textos no ensino fundamental. “Enquanto não resolver a educação, sempre haverá patamares de leitura baixos”, afirmou. E foi adiante: “Não adianta investir em ensino superior se não resolver lá embaixo, no primário. Esse país não muda a cara que tem se não mudar a educação”, concluiu.

Sobre o mercado literário ele tem uma perspectiva otimista “É um bom sintoma o interesse das editoras européias pela produção brasileira”. O escritor experimentou o sucesso do livro “Olga” também fora do Brasil. A obra já foi publicada em 21 países.


Os planos para o futuro

Alguma personalidades encantam Fernando Morais e para elas ele já tem planos futuros de possíveis biografias. O primeiro nome citado durante o bate-papo foi o do escritor Guimarães Rosa. Ele disse que já tem algumas idéias em relação à Rosa.

Mais adiante afirmou que através das suas biografias, ele está “cercando” Getúlio Vargas. “Não existe uma grande biografia dele”. Logo a seguir contou sobre uma viagem que fez com a família aos Estados Unidos, em que levou a filha numa livraria para ver se tinha “Olga” [sabendo que teria]. Perguntou à vendedora onde ficava a prateleira de biografias, que lhe respondeu que o “andar” das biografias era o terceiro. Ao chegar ao andar indicado ele notou que haviam 19 biografias de autores diferentes da ex-primeira dama americana Jaqueline Kennedy. E uma biografia definitiva de Getúlio Vargas está faltando.

Fernando contou também do proposta irrecusável feita por Carlos Lacerda Neto, para que ele escrevesse em um único livro a biografia de Carlos Lacerda e Getúlio Vargas, os dois maiores antagonistas da história da política brasileira. Mas por não chegarem à uma decisão por qual editora optar [Neto queria que a biografia saísse pela Editora Nova Fronteira pertencente à sua família, e Morais não queria deixar a Companhia das Letras], o projeto por enquanto permanece no papel para o futuro, que tomara, não esteja muito distante, para o enriquecimento da literatura brasileira, dom este que parece ser tão natural em Fernando Morais. “Cria-se naturezas ao longo da vida. Não estou com 60 anos à toa, criei minha própria natureza”, conclui.


****
Essa matéria deveria ter sido publicada no Palavra Digital na última edição do ano [Novembro/2006], mas devido à demanda de atividades que designaram à nossa professora daquele período, a matéria nunca foi lançada on-line.

Projeto de incentivo à leitura "Sempre um Papo" traz Fernando Morais à Curitiba

O escritor Fernando Morais visita Curitiba para o lançamento de “Montenegro: as Aventuras do Marechal que Fez uma Revolução nos Céus”

Por: Daniele Vieira Carneiro
Fotos: Lucimara de Souza




“Faz tempo que eu não venho à Curitiba para coisa séria. Pelo menos dez anos.” Foi assim que deu-se início à conversa descontraída com o escritor Fernando Morais na noite de quarta-feira, 29/11, no Teatro da Caixa Cultural. O escritor veio à convite do projeto “Sempre um Papo” de incentivo ao hábito da leitura, que proporciona a oportunidade de colocar o leitor cara a cara com seu escritor favorito, sem precisar pagar ingresso.

Fernando Morais veio à cidade para falar do seu mais recente livro “Montenegro: as Aventuras do Marechal que Fez uma Revolução nos Céus”, que é a biografia do marechal Casemiro Montenegro, piloto do primeiro vôo do Correio Aéreo Nacional, herói da aviação nos anos 30, preso em 1932, e inspirado no MIT [Massachussets Institute Of Technology], instituto tradicional de educação em áreas como ciência e tecnologia da cidade de Boston, nos Estados Unidos, viria a se tornar o criador do ITA - Instituto Tecnológico de Aeronáutica.

O escritor descobriu a história de Casemiro há seis anos, na época em que estava escrevendo o livro “Corações Sujos”. Fernando Morais estava fora do país, quando recebeu por email a sugestão de um amigo de São Paulo para que fizesse a biografia de Casemiro Montenegro. Numa outra ocasião teve contato num elevador com a neta de seis anos de Casemiro que disse à ele que a avó ficaria muito feliz se ele escrevesse um livro sobre a história do avô. Morais resolveu pesquisar a história e se apaixonou. “O Montenegro é um Indiana Jones do nosso tempo” disse o escritor ao falar emocionado sobre o piloto. “Só tinha um jeito de descobrir o Brasil naquela época que era de avião. Desbravaram o Brasil a pretexto de levar correspondência. A justificativa era essa. Hoje sabe-se mais de Júpiter, de Marte e da Lua do que do centro-oeste da Amazônia”, completou Morais.




Sobre Casemiro Montenegro, Fernando Morais contou algumas curiosidades bem humoradas. O marechal Montenegro inspirou-se no MIT [Massachussets Institute Of Technology] para montar algo parecido no Brasil, que viria a ser o ITA, e exigiu que o arquiteto Oscar Niemeyer tocasse o projeto. O presidente Dutra [que governou entre 1946 e 1951] não aceitou, disse que no Brasil nenhum comunista faria uma obra desse tipo. Casemiro deu a idéia à Oscar Niemeyer para que ele arranjasse um amigo para assinar a planta, e assim tocaram a obra. “O presidente Dutra morreu sem saber que a fachada do ITA recendia à Marxismo e Leninismo”, riu Morais. Desse episódio existe inclusive uma foto onde o Presidente Dutra está posando em frente à fachada do ITA, sem imaginar que o prédio era projeto de Oscar Niemeyer.


Início de carreira

Fernando Morais nasceu em Mariana, Minas Gerais. Sua carreira começou a partir de um grave incidente religioso familiar. Mariana é uma cidade que tem dezenas de igrejas, e onde fica a sede da Cúria, e da Mitra Diocesana [órgãos da mais alta importância dentro da Igreja Católica], mas seu pai, um bancário funcionário do Banco da Lavoura de Minas Gerais [atual Banco Real] era ateu. Sustentava com enorme dificuldade nove filhos, mas mesmo assim conseguiu montar uma biblioteca com três mil volumes, e fez com que os filhos crescessem cercados por livros. “Na cidade só havia duas escolas de ensino médio, sendo que uma formava freiras e a outra era um seminário que formava padres”, ele conta. O pai de Fernando Morais então resolveu procurar uma escola para os filhos em Belo Horizonte.

Dom Oscar de Oliveira, o primeiro bispo negro do Brasil ficou sabendo que o pai de Fernando Morais havia matriculado seus dois filhos mais velhos numa escola protestante em Belo Horizonte. O bispo ficou possesso e não pode admitir que o homem que administrava o dinheiro da Cúria e da Mitra Diocesana fosse matricular os filhos num colégio protestante. Ele foi até a casa de Fernando Morais para brigar com o pai do menino que um dia viria a ser escritor. O pai não admitiu tamanho desaforo, até que ele e o bispo Dom Oscar de Oliveira saíram no braço, e acabaram se agredindo. O pai de Fernando Morais foi excomungado pela Igreja Católica. Mais adiante na história, quando Dom Paulo Evaristo Arns ficou sabendo que o pai de Fernando Morais estava vivo, porém já com a idade avançada, tentou reverter a situação, mas não conseguiu nenhum resultado.

Depois desse episódio da briga com o bispo, o pai de Fernando Morais foi transferido e a família mudou-se da cidade de Mariana para Belo Horizonte. “Foi por causa dessa briga do meu pai com o Bispo que eu fui parar no jornalismo, que eu virei escritor, e que estou aqui hoje, contando essa história para vocês. Eu poderia estar até hoje em Mariana sendo bancário”, brincou Morais.

Aos 13 anos o garotinho Fernando foi trabalhar como office-boy na redação da revista do banco onde o pai trabalhava. Ele reprovou um ano na escola, e o pai teve que matriculá-lo em uma escola particular. Mas com a condição de que ele teria que trabalhar para ajudar em casa, já que havia reprovado. Apesar disso, Fernando era um excelente aluno em Português, História e Geografia. Certa vez, o repórter Antônio Walter Nascimento faltou bem no dia em que iria entrevistar a Miss Banco da Lavoura. “Antônio Walter Nascimento é um desses nomes que a gente não esquece. Hoje em dia ele é psicoterapeuta”, enfatiza. Perguntaram para Fernando se ele gostaria de substituí-lo na entrevista. Como ele era garoto, na época era um sonho poder entrevistar a Miss Banco da Lavoura. Ele recebeu um aumento e a oportunidade de virar repórter aos 13 anos de idade. “Dormi office-boy e acordei repórter!”, finaliza.


A escolha dos personagens de suas biografias e a relação com o cinema


Fernando foi questionado sobre os critérios que o levaram a escolher a história de uma pessoa e transformar em biografia. Entre os biografados pelo escritor estão Olga Benário Prestes em “Olga”, Assis Chateubriand em “Chatô, O Rei do Brasil”, e “Na Toca dos Leões”, biografia da agência de publicidade W/Brasil, ele conta, “Eu tenho que pressupor que o leitor é tão ignorante como eu sou antes de conhecer a história desse personagem, e eu tenho que surpreendê-lo e emocioná-lo com a história”.

Desde 1996 Fernando está preparando a biografia do senador Antônio Carlos Magalhães. ACM chegou a dizer em entrevista para Marília Gabriela que o escritor está esperando que ele morra para então publicar a biografia. No “Sempre um Papo” que ocorreu em Brasília, ACM foi visto por uma pessoa da platéia logo que chegou, e oportunamente a pergunta dirigida a Fernando Morais foi sobre quando sairia a biografia de ACM. ACM voltou a repetir a brincadeira de que Fernando estava esperando o senador morrer para lançar a obra. Mas Fernando explicou que não lançará a biografia enquanto ACM estiver ativo. Se tivesse lançado a biografia a alguns anos, não teria incluído a morte prematura do filho de ACM, o deputado federal Luís Eduardo Magalhães em 1998, vítima de um ataque cardíaco, nem a denúncia de manipulação do painel eletrônico em 2000, e o fim da era de 16 anos sob o comando de ACM, com a vitória de Jaques Wagner, candidato do PT ao governo da Bahia em 2006.

Atualmente, Fernando Morais está preparando a biografia do escritor Paulo Coelho desde o nascimento até os seus 60 anos de idade: “Essa vai ser uma obra datada, se alguém depois quiser pegar dos 60 anos do Paulo Coelho até os 120 e fazer outra biografia, por mim tudo bem” disse bem-humorado o escritor.

Para Fernando Morais, os personagens mais importantes da história do Brasil são aqueles do fim da República Velha até o golpe de 64, e do fim da ditadura. “Esse é o Brasil mais saboroso que dá filme e que dá livro”. Segundo o escritor os livros-reportagens são aqueles que mais contém informação sobre a história recente do Brasil. “São histórias reais e brasileiras. Os livros jornalísticos, os livros de não-ficção, são interessantes fornecedores de argumento de histórias para o cinema nacional. E os cineastas estão procurando por elas. Já está tudo mastigadinho para o cinema”.

Seu livro “Olga” virou filme em 2004 pelas mãos do cineasta Jayme Monjardim. As filmagens de Chatô iniciaram-se em 1995, quando os direitos de filmagem foram adquiridos pelo ator Guilherme Fontes, mas logo foram interrompidas, por falta de recursos financeiros, além da desconfiança do governo sobre possíveis desvios de verba, mas Guilherme foi inocentado pelo TCU (Tribunal de Contas da União). Desde então o ator protagoniza uma novela à parte para a finalização do filme que supostamente teve suas filmagens encerradas em 2002. “Chatô vai sair” disse Fernando Morais sob risos da platéia.

Morais não chegou a participar da produção dos filmes baseados em seus livros, mas leu os tratamentos do roteiro para que não houvesse nenhum deslize histórico. Também fez workshops para que os atores pudessem se inteirar sobre que foi o Brasil na época da ditadura. Para escrever “Olga” o escritor foi até a Alemanha para conversar com os amigos da juventude de Olga Benário, já bem velhinhos, porém muito prestativos. Quando escreveu Chatô, ele ganhou uma bolsa de pesquisas da Unicamp que lhe deu direito à dois pesquisadores para ajudar na tarefa de levantar dados e informações sobre a vida de Assis Chateubriand. Em troca, ele fazia palestras para os alunos de jornalismo contando à quantas andava o seu livro.

“Na Toca dos Leões”, livro que segundo sua própria definição “era pra ser bem light, e virou um triller de horror”, é a biografia da agência W/Brasil. O livro estava sendo escrito quando o publicitário Washington Olivetto foi seqüestrado, e permaneceu como refém durante 53 dias num cubículo de três metros por um, em 2001.


Os problemas enfrentados durante a carreira: Censura e processo



Depois que voltou de Cuba com o livro “A Ilha – Um repórter brasileiro no país de Fidel Castro” pronto para ser publicado, Fernando Morais teve que esperar até a poeira baixar. “Era um período muito barra-pesada”. Ele trouxe na bagagem vários slides de Cuba, mas como o livro não podia ser publicado, nem as fotos poderiam ser mostradas em público por conta das repreensões que poderia sofrer, ele fez uma apresentação dos slides na casa do jornalista Vladimir Herzog para sua esposa Clarice e os dois filhos.

O escritor está sendo processado há um ano e meio pelo deputado federal Ronaldo Caiado, por causa de um episódio narrado no livro “Na Toca dos Leões”, a biografia de uma das mais importantes agências de publicidade do país, a W/Brasil.

O trecho do livro se referia ao período em que Ronaldo Caiado foi candidato à Presidência da República em 1989, e queria a W/Brasil para produzir os anúncios de sua candidatura. Segundo o publicitário e sócio-fundador da empresa, Gabriel Zellmeister, Ronaldo Caiado contou que tinha um plano de acabar com a miséria do Brasil, que constava em adicionar um produto químico no tratamento de água que esterilizaria as mulheres do nordeste. Gabriel Zellmeister em entrevista a Fernando Morais contou esse episódio que foi publicado no livro. Ronaldo Caiado abriu processo contra Fernando Morais, Washington Olivetto e a Editora Planeta.

Por determinação do juiz da 7ª Vara Cível de Goiânia, Jeová Sardinha de Moraes, Fernando Morais não poderia se referir ao próprio livro e nem no assunto em público. Qualquer manifestação lhe custaria cinco mil reais de multa. O livro ficou quatro meses fora de circulação em mercado. O recolhimento de “Na Toca dos Leões” de todas as livrarias em território nacional causou grande repercussão e revolta no meio jornalístico. Ao final, a decisão que era favorável ao deputado Ronaldo Caiado, foi anulada pelo Tribunal de Justiça de Goiás. Segundo Fernando Morais foi a primeira vez em que ele viu a A Fenaj e o Sindicato dos Patrões se unirem, para demonstrar sua repulsa ao ocorrido. Fernando Morais disse que a decisão atentava contra “o direito da sociedade de ser informada das coisas”.


Situação do mercado literário no Brasil e a Educação



O escritor foi questionado por alguns participantes do bate-papo sobre sua opinião à respeito do mercado literário no Brasil e sobre a alta porcentagem de crianças que não conseguem interpretar textos no ensino fundamental. “Enquanto não resolver a educação, sempre haverá patamares de leitura baixos”, afirmou. E foi adiante: “Não adianta investir em ensino superior se não resolver lá embaixo, no primário. Esse país não muda a cara que tem se não mudar a educação”, concluiu.

Sobre o mercado literário ele tem uma perspectiva otimista “É um bom sintoma o interesse das editoras européias pela produção brasileira”. O escritor experimentou o sucesso do livro “Olga” também fora do Brasil. A obra já foi publicada em 21 países.


Os planos para o futuro

Alguma personalidades encantam Fernando Morais e para elas ele já tem planos futuros de possíveis biografias. O primeiro nome citado durante o bate-papo foi o do escritor Guimarães Rosa. Ele disse que já tem algumas idéias em relação à Rosa.

Mais adiante afirmou que através das suas biografias, ele está “cercando” Getúlio Vargas. “Não existe uma grande biografia dele”. Logo a seguir contou sobre uma viagem que fez com a família aos Estados Unidos, em que levou a filha numa livraria para ver se tinha “Olga” [sabendo que teria]. Perguntou à vendedora onde ficava a prateleira de biografias, que lhe respondeu que o “andar” das biografias era o terceiro. Ao chegar ao andar indicado ele notou que haviam 19 biografias de autores diferentes da ex-primeira dama americana Jaqueline Kennedy. E uma biografia definitiva de Getúlio Vargas está faltando.

Fernando contou também do proposta irrecusável feita por Carlos Lacerda Neto, para que ele escrevesse em um único livro a biografia de Carlos Lacerda e Getúlio Vargas, os dois maiores antagonistas da história da política brasileira. Mas por não chegarem à uma decisão por qual editora optar [Neto queria que a biografia saísse pela Editora Nova Fronteira pertencente à sua família, e Morais não queria deixar a Companhia das Letras], o projeto por enquanto permanece no papel para o futuro, que tomara, não esteja muito distante, para o enriquecimento da literatura brasileira, dom este que parece ser tão natural em Fernando Morais. “Cria-se naturezas ao longo da vida. Não estou com 60 anos à toa, criei minha própria natureza”, conclui.


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Essa matéria deveria ter sido publicada no Palavra Digital na última edição do ano [Novembro/2006], mas devido à demanda de atividades que designaram à nossa professora daquele período, a matéria nunca foi lançada on-line.

Jornais gratuitos ganham as ruas de Curitiba

Por: Lucimara de Souza e Lourival Reis


Ao lado dos grandes jornais comerciais de Curitiba, vêm se destacando os jornais gratuitos, que invadem transportes coletivos e escolas, conquistando a curiosidade e o reconhecimento do público.

Chega a Curitiba a tendência mundial de adesão aos tablóides gratuitos, que se desenvolveu principalmente na Espanha, França, Portugal e Inglaterra. A exemplo de Portugal e São Paulo, que lançou o Jornal Destak, Curitiba entra nessa onda com os jornais “Olá!” e “Ônibus”. De periodicidade semanal (terças e quintas-feiras), o “Olá!” tem dezesseis páginas e é inteiramente colorido. Moderno, de formato arrojado no design, o tablóide nasce por iniciativa e empreendedorismo de dois publicitários: Horácio Coutinho Jr. e Roberto Pinto da Silva Jr.

Segundo Coutinho, em meados de 2004, Roberto Silva, seu sócio, viajava pela a Europa em curso de especialização, quando tomou conhecimento de jornais gratuitos como o “Metro”, o “Metro Internacional”, o “Qué”, o “20 minutos”, entre outros. Encantado com a idéia, na volta ao Brasil e junto com Coutinho, inicia uma pesquisa sobre os jornais gratuitos no Brasil, que culminou com o lançamento do “Olá!”, em 01 dezembro de 2005.

Modelo tablóide americano (29 cm x 35 cm), embora tenha nascido tablóide convencional, o "Olá!" surge com esquema e diagrama de cores estudado segundo as leis e normas da publicidade, tendo design baseado no “Metro” londrino e redação jornalística baseada no “ 20 minutos " espanhol.
Houve muita dificuldade de mudança para o modelo americano, por conta de dificuldades técnicas das editoras, conta Coutinho. Por algum tempo, o jornal foi impresso em Joinville, depois “acerta-se” com a editora O Estado do Paraná.

Coutinho conta ainda que era necessário um nome de fácil memorização, que tornasse o jornal simpático ao exigente público curitibano e que facilitasse a abordagem dos promotores e distribuidores. Em uma reunião de “brain-storming”(tempestade de idéias), nasceu o nome “Olá!”. A estratégia deu certo.

Como bom marketeiro, brinca Coutinho: “todo planejamento tem três previsões – a otimista, a realista e a pessimista. Atualmente trabalhamos com a realista, e o jornal deve oferecer respostas financeiras positivas em 3 anos. Mas, hoje, após quase um ano, o jornal já conquista credibilidade e confiança do público que “pega” o jornal, quando antes era preciso oferecê-lo. Os promotores e distribuidores apenas têm que dizer: olá...” (sorri). Menos de um ano após o seu lançamento, os proprietários têm planos de aumentar a tiragem para 120.000 exemplares.

O "Olá!" nasceu com a intenção de ser distribuído em transporte coletivo e este é um dos motivos de ter sido lançado aqui em Curitiba, já que é considerada a cidade com o melhor transporte coletivo. Todavia, com a entrada no mercado do concorrente “Ônibus”, mudou seu foco para estudantes do ensino médio e universitários iniciantes, que, segundo Coutinho, respondem por cerca de 70% do conjunto de leitores com faixa etária entre 18 e 40 anos.

O jornal desde o seu lançamento desenvolve projetos voltados para a educação e informação para a população, conforme afirma Coutinho. Em 2006, por exemplo, o jornal firmou parceria com a Faculdade Santa Cruz disponibilizaram duas bolsas de estudos superior aos seus funcionários. Em decorrência do seu sexto mês de circulação o jornal fez um concurso cultural que contemplava o ganhador com uma Honda Biz.

Todo o projeto de desenvolvimento é próprio, mas também mantém parceria com a Folha Press e France Press. O jornal conta atualmente com 15 pontos de distribuição e mais de 40 promotores por dia para distribuir a tiragem semanal de 70 mil exemplares.

O perfil do público-alvo apresenta ainda as seguintes características: 69,7% com escolaridade média e superior; 87,7% de trabalhadores ativos e 64,3% de chefes de família. Segundo as pesquisas feitas pelo jornal, 79,3% lê todas as matérias.


* Reportagem publicada em 30 de novembro de 2006 no Palavra Digital - Jornal Laboratório Online da Unibrasil

Mais uma pérola de Arnando Jabor

Está circulando na internet como se fosse autoria do Arnaldo Jabor, mas pelos erros gramaticais e pela facilidade de se burlar a internet deixa dúvidas quanto a verdaedira autoria. Independente de quem tenha escrito reflete um pouco do que muitos pensam. Vamos lá....
Brasileiro é um povo solidário. Mentira.

Brasileiro é babaca. Eleger para o cargo mais importante do Estado um sujeito que não tem escolaridade e preparo nem para ser gari, só porque tem uma história de vida sofrida; pagar 40% de sua renda em tributos e ainda dar esmola para pobre na rua ao invés de cobrar do governo uma solução para pobreza; aceitar que ONGs de direitos humanos fiquem dando pitaco na forma como tratamos nossa criminalidade… Não protestar cada vez que o governo compra colchões para presidiários que queimaram os deles de propósito, não é coisa de gente solidária. É coisa de gente otária.

Brasileiro é um povo alegre. Mentira.
Brasileiro é bobalhão. Fazer piadinha com as imundices que acompanhamos todo dia é o mesmo que tomar bofetada na cara e dar risada. Depois de um massacre que durou quatro dias em São Paulo, ouvir o José Simão fazer piadinha a respeito e achar graça, é o mesmo que contar piada no enterro do pai. Brasileiro tem um sério problema. Quando surge um escândalo, ao invés de protestar e tomar providências como cidadão, ri feito bobo.

Brasileiro é um povo trabalhador. Mentira.
Brasileiro é vagabundo por excelência. O brasileiro tenta se enganar, fingindo que os políticos que ocupam cargos públicos no país, surgiram de Marte e pousaram em seus cargos, quando na verdade, são oriundos do povo. O brasileiro, ao mesmo tempo em que fica indignado ao ver um deputado receber 20 mil por mês, para trabalhar três dias e coçar o saco o resto da semana, também sente inveja e sabe - lá no fundo - que se estivesse no lugar dele faria o mesmo. Um povo que se conforma em receber uma esmola do governo de 90 reais mensais para não fazer nada e não aproveita isso para alavancar sua vida (realidade da brutal maioria dos beneficiários do Bolsa Família) não pode ser adjetivado de outra coisa que não de vagabundo.

Brasileiro é um povo honesto. Mentira.
Já foi; hoje é uma qualidade em baixa. Se você oferecer 50 euros a um policial europeu para ele não te autuar, provavelmente irá preso. Não por medo de ser pego, mas porque ele sabe ser errado aceitar propinas. O brasileiro, ao mesmo tempo em que fica indignado com o mensalão, pensa intimamente o que faria se arrumasse uma boquinha dessas, quando na realidade isso sequer deveria passar por sua cabeça.

90% de quem vive na favela é gente honesta e trabalhadora. Mentira.
Já foi. Historicamente, as favelas se iniciaram nos morros cariocas quando os negros e mulatos retornando da Guerra do Paraguai ali se instalaram. Naquela época quem morava lá era gente honesta, que não tinha alternativa, e não concordava com o crime. Hoje a realidade é diferente. Muito pai de família sonha que o filho seja aceito como ‘aviãozinho’ do tráfico para ganhar uma grana legal. Se a maioria da favela fosse honesta, já teriam existido condições de se tocar os bandidos de lá para fora, porque podem matar 2 ou 3, mas não milhares de pessoas. Além disso, cooperariam com a polícia na identificação de criminosos, inibindo-os de montar suas bases de operação nas favelas.

O Brasil é um país democrático. Mentira.
Num país democrático a vontade da maioria é Lei. A maioria do povo acha que bandido bom é bandido morto, mas sucumbe a uma minoria barulhenta que se apressa em dizer que um bandido que foi morto numa troca de tiros, foi executado friamente. Num país onde todos têm direitos, mas ninguém tem obrigações, não existe democracia e sim, anarquia. Num país em que a maioria sucumbe bovinamente ante uma minoria barulhenta não existe democracia, mas um simulacro hipócrita. Se tirarmos o pano do politicamente correto veremos que vivemos numa sociedade feudal: um rei que detém o poder central (presidente e suas MPs), seguido de duques, condes, arquiduques e senhores feudais (ministros, senadores, deputados, prefeitos, vereadores). Todos sustentados pelo povo que paga tributos que tem como único fim, o pagamento dos privilégios do poder. E ainda somos obrigados a votar. Democracia isso?

O famoso jeitinho brasileiro.
Em minha opinião, um dos maiores responsáveis pelo caos que se tornou a política brasileira. Brasileiro se acha malandro, muito esperto. Faz um ‘gato’ puxando a TV a cabo do vizinho e acha que está botando pra quebrar.

No outro dia o caixa da padaria erra no troco e devolve 6 reais a mais, caramba, silenciosamente ele sai de lá com a felicidade de ter ganhado na loto… malandrões, esquecem que pagam a maior taxa de juros do planeta e o retorno é zero. Zero saúde, zero emprego, zero educação, mas e daí?

Afinal somos pentacampeões do mundo, né? Grande coisa…

O Brasil é o país do futuro.
Caramba, meu avô dizia isso em 1950. Muitas vezes cheguei a imaginar como seria a indignação e revolta dos meus avós se ainda estivessem vivos. Dessa vergonha eles se safaram… Brasil, o país do futuro!? Hoje o futuro chegou e tivemos uma das piores taxas de crescimento do mundo.

Deus é brasileiro.
Puxa, essa eu não vou nem comentar… O que me deixa mais triste e inconformado é ver todos os dias nos jornais a manchete da vitória do governo mais sujo já visto em toda a história brasileira. Para finalizar tiro minha conclusão:

O brasileiro merece!
Como diz o ditado popular, é igual mulher de malandro, gosta de apanhar. Se você não é como o exemplo de brasileiro citado nesse texto, meus sentimentos amigo, continue fazendo sua parte, e que um dia pessoas de bem assumam o controle do país novamente. Aí sim, teremos todas as chances de ser a maior potência do planeta. Afinal, aqui não tem terremoto, tsunami nem furacão. Temos petróleo, álcool, biodiesel e, sem dúvida nenhuma, o mais importante: Água doce!

Só falta boa vontade, será que é tão difícil assim?

A verdade está na cara, mas não se impõe

Arnaldo Jabor

O que foi que nos aconteceu?

No Brasil, estamos diante de acontecimentos inexplicáveis, ou melhor,"explicáveis" demais.

Toda a verdade já foi descoberta, todos os crimes provados, todas as mentiras percebidas.

Tudo já aconteceu e nada acontece. Os culpados estão catalogados, fichados, e nada rola.

A verdade está na cara, mas a verdade não se impõe.

Isto é uma situação inédita na História brasileira.

Claro que a mentira sempre foi à base do sistema político,

Infiltrada no labirinto das oligarquias, claro que não esquecemos a supressão, a proibição da verdade durante a ditadura, mas nunca a verdade foi tão límpida à nossa frente e, no entanto, tão inútil, impotente, desfigurada.

Os fatos reais: com a eleição de Lula, uma quadrilha se enfiou no governo e desviou bilhões de dinheiro público para tomar o Estado e ficar no poder 20 anos.

Os culpados são todos conhecidos, tudo está decifrado, os cheques assinados, as contas no estrangeiro, os tapes, as provas irrefutáveis, mas o governo psicopata de Lula nega e ignora tudo.

Questionado ou flagrado, o psicopata não se responsabiliza por suas ações.

Sempre se acha inocente ou vítima do mundo, do qual tem de se vingar.

O outro não existe para ele e não sente nem remorso nem vergonha do que faz.

Mente compulsivamente, acreditando na própria mentira, para conseguir poder.

Este governo é psicopata!!! Seus membros riem da verdade,

Viram-lhe as costas passam-lhe a mão nas nádegas.

A verdade se encolhe, humilhada, num canto. E o pior é que o Lula, amparado em sua imagem de "povo", consegue transformar a Razão em vilã, as provas contra ele em acusações "falsas", sua condição de cúmplice e Comandante em "vítima".

E a população ignorante engole tudo. Como é possível isso?

Simples: o Judiciário paralítico entoca todos os crimes na Fortaleza da lentidão e da impunidade. Só daqui a dois anos serão julgados os indiciados - nos comunica o STF.

Os delitos são esquecidos, empacotados, prescrevem.

A Lei protege os crimes e regulamenta a própria desmoralização.

Jornalistas e formadores de opinião sentem-se inúteis, pois a indignação ficou supérflua. O que dizemos não se escreve, o que escrevemos não se finca, tudo quebra diante do poder da mentira desse governo.

Sei que este é um artigo óbvio, repetitivo, inútil, mas tem de ser escrito....

Está havendo uma desmoralização do pensamento. Deprimo-me:

"Denunciar para quê, se indignar com quê? Fazer o quê?".

A existência dessa estirpe de mentirosos está dissolvendo a nossa língua.

Este neocinismo está a desmoralizar as palavras, os raciocínios.

A língua portuguesa, os textos nos jornais, nos blogs, na TV, rádio, tudo Fica ridículo diante da ditadura do lulo-petismo

A cada cassado perdoado, a cada negação do óbvio, a cada testemunha, muda, aumenta a sensação de que as idéias não correspondem mais Aos fatos!

Pior: que os fatos não são nada - só valem as versões, as manipulações.

No último ano, tivemos um único momento de verdade, louca, operística, grotesca, mas maravilhosa, quando o Roberto Jefferson abriu a cortina do país e deixou-nos ver os intestinos de nossa política.

Depois surgiram dois grandes documentos históricos: o relatório da CPI dos Correios e o parecer do procurador-geral da República.

São verdades cristalinas, com sol a Pino.

E, no entanto, chegam a ter um sabor quase de "gafe". Lulo-Petistas clamam:

"Como é que a Procuradoria Geral, nomeada pelo Lula, tem o desplante de ser tão clara! Como que o Osmar Serraglio pode ser tão explícito, e como o Delcídio Amaral não mentiu em nome do PT? Como ousaram ser honestos?".

Sempre que a verdade eclode, reagem.

Quando um juiz condena rápido, é chamado de "exibicionista".

Quando apareceu aquela grana toda no Maranhão (lembram, filhinhos?), a família Sarney reagiu ofendida com a falta de "finesse" do governo de FH, que não Teve a delicadeza de avisar que a polícia estava chegando... Mas Agora é diferente.

As palavras estão sendo esvaziadas de sentido.

Assim como o stalinismo apagava fotos, reescrevia textos para contestar seus crimes, o governo do Lula está criando uma língua nova, uma neo- l íngua empobrecedora da ciência política, uma língua esquemática, dualista, maniqueísta, nos preparando para o futuro político simplista que está se consolidando no horizonte. Toda a complexidade rica do país será transformada em uma massa de palavras de ordem, de preconceitos ideológicos movidos a dualismos e oposições, como tendem a fazer o Populismo e o Simplismo. Lula será eleito por uma oposição mecânica entre ricos e pobres, dividindo o país em "a favor" do povo e "contra", recauchutando significados que não dão mais conta da circularidade do mundo atual.

Teremos o "sim" e o "não", teremos a depressão da razão de um lado e a psicopatia política de outro, teremos a volta da oposição Mundo x Brasil, nacional x internacional e um voluntarismo que legitima o governo de um Lula 2 e um Garotinho depois. Alguns otimistas dizem:

"Não... este maremoto de mentiras nos dará uma fome de Verdades!"