por KARLOS KOHLBACH - GAZETA DO POVO ONLINE, com informações de Marcos Paulo de Maria |
O golpe é antigo e os líderes desta quadrilha foram detidos em abril deste ano pela Polícia Federal, durante a "Operação Vaga Certa". Na época, nove pessoas foram detidas no Ceará e no Rio de Janeiro.
O golpe funcionava assim: a quadrilha identificava e recrutava os melhores alunos de cursinhos ou calouros de boas universidades públicas para fazer as provas dos vestibulares no lugar dos candidatos inscritos. Para isso, eles usavam documentos falsos. Depois da aprovação, a quadrilha recebia dinheiro em troca da vaga.
No caso do trio preso em Curitiba, a polícia acredita que eles tenham pago cerca de R$ 30 mil cada pela vaga. A maior parte do dinheiro ficava com a quadrilha e o restante era pago aos alunos que faziam as provas. A polícia do Paraná ainda não tem informações sobre quais os estudantes recrutados para fazer os vestibulares.
Fraude é descoberta graças à impressão digital
Em Curitiba, a fraude foi descoberta quando as impressões digitais dos alunos que fizeram a prova foram cruzadas com os estudantes que realizaram a matrícula. A denúncia partiu do próprio diretor geral da Faculdade Evangélica, Arnaldo Rebelo. "Implantamos neste ano alguns mecanismos de segurança, entre eles a coleta de impressões digitais. Foi através dela que chegamos a fraude", diz. "Ao ser confrontadas as impressões colhidas no dia da prova e no ato da matrícula vimos a diferença. Comparamos ainda as letras escritas na prova de redação e no formulário da matrícula", explicou Rebelo.
"Descobrimos que estes três alunos matriculados não compareceram nos dias de prova do concurso vestibular", contou o delegado Marcus Vinícius Michelotto, da Delegacia de Estelionato e Desvio de Carga da Polícia Civil do Paraná. Ainda segundo o delegado, os estudantes teriam confessado a fraude.
Crime de estelionato
Segundo a polícia, o trio vai responder, inicialmente, pelo crime de estelionato, podendo ainda ser enquadrado nos crimes de formação de quadrilha e falsificação de documentos. Agora, o inquérito será encaminhado para a 3.ª Vara Federal Criminal do Estado do Rio de Janeiro. "A Polícia Federal já investiga o caso e agora vamos encaminhar o inquérito para eles darem seqüência ao trabalho", informou o delegado.
Os três universitários, depois do interrogatório, foram liberados e vão responder ao processo em liberdade. Nenhum deles é do Paraná. De acordo com a polícia, Larissa é natural de Porterinha, em Minas Gerais, Janaina é carioca de Volta Redonda e Jamil nasceu no município de Taiobeiras, em Minas Gerais.
"35% dos alunos não são do Paraná"
O diretor Arnaldo Rebelo informou por telefone que 35% dos alunos matriculados são de fora do Paraná. A concorrência, segundo ele, não é o principal motivo para a migração. "Neste vestibular de 2007, tínhamos 2 mil alunos inscritos disputando 100 vagas. É apertado", diz. Para ele, a excelência alcançada pela Evangélica no campo da medicina é um grande incentivo para essa vinda de alunos.
Rebelo descartou qualquer possibilidade de anulação do vestibular. Ele ressaltou que a matrícula dos três alunos presos foram canceladas nesta terça-feira (31) e que as vagas serão preenchidas ainda nesta semana por outros três estudantes que aguardavam na lista de chamada.
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